quarta-feira, 20 de julho de 2011

Três dias depois

Os dias vão passando, apressados
Como que doidos varridos e, simultâneamente,
O futuro aproxima-se, de mansinho
Trazendo as novidades prometidas.

Trás um pergaminho enrolado
(Como um cigarro daqueles que devoro
Ultimamente, que a crise não perdoa
A ninguém e eu não escapo à fúria.)
Com tudinho bem anotado...
Mas que me interessa o futuro hoje?
Nada! Absolutamente nada!
Quero apenas ir vivendo e esperando.

domingo, 30 de janeiro de 2011

Um sonho, é um sonho

Um sonho, é um sonho.
Não é nenhum bicho de sete cabeças...
É algo que existe eternamente,
Sustenta-se dele próprio, por tempo indeterminado.

Os sonhos não têm prazo de validade.
São elementos etéreos que nos seguem e perseguem.
Os sonhos são o que são, e basta.
Pobre daquele que não os tem.

Sonhar ensina-nos a ir para além do fim,
A viver o hoje, a desejar o amanhã...
É o propulsor de todo o futuro.
Sonhar é grátis, é bom e faz viver!

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Receio

Faz sol do outro lado do mundo.
Por aqui, nesta terra é noite escura
De Janeiro gélido e despreocupado.
A noite de hoje trouxe a calmaria
Que me fugia desde o raiar de sol matinal.

Preocupações pertinentes e das outras também
Congestionam o livre tráfego de pensamento
E excluem a criatividade da minha mente.
É da falta de liberdade que me rodeia
Da falta de oxigénio que me atormenta.

É bom definir objectivos de vida
Só assim podemos progredir no futuro,
Mas é triste programá-los de forma negativa
Já a pensar no que poderá correr mal
Pois a cabeça manda no futuro.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Chamada de hoje

Dói-me tudo hoje em dia,
É deste estado febril em que me encontro.
Chego até a alucinar.
Falo com pessoas que não existem,
Mas é tudo em tom de brincadeira
Pois sei que não existem,
Sinto-me menos só dessa forma.
Há quem durma neste mundo,
Eu não me dou a esse luxo...
Por estes dias, descanso os olhos,
Apenas para poder dizer
Que fiz algo nessa noite,
Que não foi uma noite apenas dedicada
A insónia louca e despropositada.
Tenho esta cabeça atulhada com coisas,
Fórmulas, possibilidades, futuros,
Fracassos, fracassos...
Atulhada, entupida e disfuncional.
Entulho cerebral que me impede
De cair num sono saudável.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Noite de chuva

Que sacana de dor de cabeça
E logo nesta noite de chuva admirável,
Que me translada para um local distante
Deste tempo e deste espaço.
Sinto inveja e saudade simultâneamente.
Que chuva divina, que ruído maravilhoso
Das gotículas que, sorrateiramente,
Embatem nos vidros das velhas janelas.
Já andei à chuva, por vezes, mas hoje,
Digo com uma certeza de sábio:
Pensar incomoda em dobro o incómodo
Que causa andar à chuva.
(A minha cabeça quase endoidece 
De tanto pensamento que nela circula.)
Quem me dera ter uma forma de controlar,
Um botão,um mecanismo de qualquer espécie,
Que me interrompesse o pensamento.
Bastava-me um par de horas,
Como dizem os Americanos nos filmes.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Memórias de um passado

Memória.
Memória recente de um passado distante
(Passado que nem me pertence)
Mas, presente no presente.
Quem me dera que não houvesse passado
Que tudo fosse uma página em branco,
Sem linhas, sem margens, sem nada
E que se escrevesse apenas o presente
Com uma tinta que não se pudesse ler no futuro.

Mas é tudo fruto da minha imaginação,
O passado existe e temos que lhe dar algum valor,
Ainda que não tenha valor absolutamente nenhum...

É injusto o passado influenciar a forma
Como encaramos o nosso presente,
Devíamos ser imparciais e centrados
No que importa na realidade.
Eu não sou assim.

Mas afinal, o que importa?

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Assobiando

Assobio com calma e mentalmente
Para distrair preocupação me enleia
Numa bruma de descontentamento.
Mas no fundo, a vida é escassa no presente
E o futuro pertence a quem o semeia.
Tudo o resto está entregue ao tempo.

domingo, 17 de outubro de 2010

Boneco

Está tanto por dizer a esta hora...
As conversas amenas, as discussões acesas,
Tudo me sabe a pouco.
São meros monólogos.
Sou um boneco que fala, fala, fala.
Mas nada interessa ouvir e tudo passa.
Sou uma criança irrequieta e obstinada em conhecer
A vida e as pessoas. As pessoas e a vida.
Da minha pessoa e da minha vida nada sei,
Por isso, viro-me do avesso, de alto a baixo:
Só encontro dor e uma dúzia de lágrimas.
Nada mais há dentro deste saco cheio.

Lutar, lutar

Estou podre de cansaço,
Estou cansado de lutar
Faltam as forças a cada passo
E com olhar de embaraço
Perco-me sem ter lugar.

A paciência escasseia
De tanto tempo esperar
Coisas que o tempo semeia
E a situação fica feia
Se, entretanto, nada mudar.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Personalis

Pouco ortodoxo na forma
E, talvez, intrigante de sentido.
Um sentimento claro e contido
Que a minha fúria deforma.


Um conjunto de letras agrupadas,
Umas frases que me deixam despido
Em desabafo quase desmedido
Que desperta coisas malvadas!

Acontece, por fim, a tardia libertação
Seguindo o protocolo do estratagema.
É pena que seja um ciclo em rotação...

Não há como contornar o problema
E se persistir só há uma solução:
Insistir, e escrever outro poema.