quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Chamada de hoje

Dói-me tudo hoje em dia,
É deste estado febril em que me encontro.
Chego até a alucinar.
Falo com pessoas que não existem,
Mas é tudo em tom de brincadeira
Pois sei que não existem,
Sinto-me menos só dessa forma.
Há quem durma neste mundo,
Eu não me dou a esse luxo...
Por estes dias, descanso os olhos,
Apenas para poder dizer
Que fiz algo nessa noite,
Que não foi uma noite apenas dedicada
A insónia louca e despropositada.
Tenho esta cabeça atulhada com coisas,
Fórmulas, possibilidades, futuros,
Fracassos, fracassos...
Atulhada, entupida e disfuncional.
Entulho cerebral que me impede
De cair num sono saudável.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Noite de chuva

Que sacana de dor de cabeça
E logo nesta noite de chuva admirável,
Que me translada para um local distante
Deste tempo e deste espaço.
Sinto inveja e saudade simultâneamente.
Que chuva divina, que ruído maravilhoso
Das gotículas que, sorrateiramente,
Embatem nos vidros das velhas janelas.
Já andei à chuva, por vezes, mas hoje,
Digo com uma certeza de sábio:
Pensar incomoda em dobro o incómodo
Que causa andar à chuva.
(A minha cabeça quase endoidece 
De tanto pensamento que nela circula.)
Quem me dera ter uma forma de controlar,
Um botão,um mecanismo de qualquer espécie,
Que me interrompesse o pensamento.
Bastava-me um par de horas,
Como dizem os Americanos nos filmes.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Memórias de um passado

Memória.
Memória recente de um passado distante
(Passado que nem me pertence)
Mas, presente no presente.
Quem me dera que não houvesse passado
Que tudo fosse uma página em branco,
Sem linhas, sem margens, sem nada
E que se escrevesse apenas o presente
Com uma tinta que não se pudesse ler no futuro.

Mas é tudo fruto da minha imaginação,
O passado existe e temos que lhe dar algum valor,
Ainda que não tenha valor absolutamente nenhum...

É injusto o passado influenciar a forma
Como encaramos o nosso presente,
Devíamos ser imparciais e centrados
No que importa na realidade.
Eu não sou assim.

Mas afinal, o que importa?

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Assobiando

Assobio com calma e mentalmente
Para distrair preocupação me enleia
Numa bruma de descontentamento.
Mas no fundo, a vida é escassa no presente
E o futuro pertence a quem o semeia.
Tudo o resto está entregue ao tempo.

domingo, 17 de outubro de 2010

Boneco

Está tanto por dizer a esta hora...
As conversas amenas, as discussões acesas,
Tudo me sabe a pouco.
São meros monólogos.
Sou um boneco que fala, fala, fala.
Mas nada interessa ouvir e tudo passa.
Sou uma criança irrequieta e obstinada em conhecer
A vida e as pessoas. As pessoas e a vida.
Da minha pessoa e da minha vida nada sei,
Por isso, viro-me do avesso, de alto a baixo:
Só encontro dor e uma dúzia de lágrimas.
Nada mais há dentro deste saco cheio.

Lutar, lutar

Estou podre de cansaço,
Estou cansado de lutar
Faltam as forças a cada passo
E com olhar de embaraço
Perco-me sem ter lugar.

A paciência escasseia
De tanto tempo esperar
Coisas que o tempo semeia
E a situação fica feia
Se, entretanto, nada mudar.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Personalis

Pouco ortodoxo na forma
E, talvez, intrigante de sentido.
Um sentimento claro e contido
Que a minha fúria deforma.


Um conjunto de letras agrupadas,
Umas frases que me deixam despido
Em desabafo quase desmedido
Que desperta coisas malvadas!

Acontece, por fim, a tardia libertação
Seguindo o protocolo do estratagema.
É pena que seja um ciclo em rotação...

Não há como contornar o problema
E se persistir só há uma solução:
Insistir, e escrever outro poema.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Algo mais

No que me tornei,
No que o tempo me transformou.
Um pedaço disforme e confuso
De qualquer coisa que desconheço.

Olhar o céu, e quase lhe tocar
Sem poder acordar do sonho
É um dilema moral que me atormenta,
Que me tolda os sentidos...

A noite envolve-me com ternura
Mas não me acalma nem me conforta
Só me trás mais ansiedade e desejo
Pelo amanhecer que tarda em chegar.

Lá fora, o movimento agitado
De começo de um novo dia.
Cá dentro, nada de novo,
São as dores do costume.

É triste não fazer ideia nenhuma
Sobre o propósito da minha existência.
Não nasci predestinado  a algo nobre
Apenas nasci.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Dúvidas

Hoje preciso de ti.
Hoje preciso de ti.

                           Nem existes sequer,
                                 Nem tão pouco te conheço
                           E acho que nem mereço
                                    Faça eu o que fizer.
                            Quero estar sozinho,
                                  Ouvir o silêncio,
                                                Ler a minha alma.


Quero descobrir algo
Sem saber ao certo o quê ou quem...
Nem sei onde devo procurar.

E tudo isto é um devaneio pertinente.

Dói-me o peito
De tão acelerado que está o meu coração.
Dói-me a cabeça
Por causa desta busca incessante de respostas.
Dói-me a existência
Porque nem me conheço.
E são dores tremendas.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

E se as horas parassem?
Devolvendo assim alguma calma
A esta minha existência inquieta?

E exterminar as guerras, as injustiças
E os conflitos mesquinhos e desprezíveis
Polinizando o amor existente em cada ser humano?

Estará este sonho muito distante
Da realidade que infelizmente nos rodeia?

Sonho por mim, e pelo Mundo.
Sonhar é grátis.
Há que sonhar...

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Num perfeccionismo desmedido
Que extravasa os limites da obstinação,
Deixo-me andar assim perdido,
Em busca de uma amostra solidão.

E, esta sobriedade imaculada,
Aponta para um caminho distante,
Mas esse caminho não me leva a nada...
Continuo na mesma busca errante!

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Não sou o que sou

Não sou o que trago vestido,
Não sou os olhos que ostento
Não sou um coração dolorido
Não sou apenas um tormento.

Sou mais do que tudo o que sou,
Ainda que nem sequer o seja.
Alma, que sem ser astro, flameja
Diz que ainda nada começou.

Afinal sou ou não sou?
Eis, por fim, a questão.

A vida e a morte

A vida ensina-me, constantemente,

A morrer.

A aceitar a morte como que uma dádiva,

Semelhante à vida,

No entanto, mais clara e concisa.

Uma dádiva, sim!

De que serviria uma vida eterna

Uma vez que o sentimento de perda

Seria também constante e perpétuo?

Ser humano, é ser mortal.

E, ser humano é aprazível.

Confusão clara

Um cubo de gelo límpido
A flutuar, pouco à vontade, num copo
Meio cheio de água límpida
Ainda assim, prestes a transbordar.

Frio gélido numa noite de Agosto...
Que estranheza sinistra.
Noite que desfruto com gosto,
Apesar de estar prestes a transbordar.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

20 de Julho de 2010

Persistência da memória
Que arrebata os meus sentidos,
Que me arranca suspiros do coração,
Que me arrasta para a confusão
Que me arranha esta breve solidão
E que me faz pensar em coisas boas,
Em alguns momentos, em algumas pessoas.
Oh persistência,  o que apregoas?
Alguns momentos mais desvanecidos
Da minha curta e atribulada história...

É tempo de mudar os tempos
Assim como mudaram as vontades.
É hora de revelar verdades
E de oprimir tormentos.

Mas persiste o passado
Gravado em fragmentos,
Em pequenos momentos...
No cofre sagrado.

Tudo isto é nostalgia.
Espero que o passado me ensine,
Espero que o presente me anime,
E que o futuro me sorria.

Presente

O fumo negro e mórbido e tenebroso
Transformou-se em espuma branca e cristalina
Sonhos constituídos de nenhuma matéria prima.
O futuro parece agora harmonioso...

Do amanhã, nada se sabe, verdade?
Então, desfruto o presente e o que ele representa.
Já nem o passado que passou me atormenta.
Aproveito a noite, e toda a sua fugacidade.

Hão-de erguer-se de novo Adamastores
E eu, cá estarei de novo para os enfrentar
Não há que temer nada neste novo mar...
Pois haverão sempre Ilhas dos Amores!

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Operação Esperança

Quando tudo parece desmoronar-se em pedaços
Aparece, no meio das cinzas, um sinal de esperança
Progresso de uma Humanidade que não se cansa,
Que não se deixa demover pelos seus fracassos.

A vida flui de novo, embora mais atenta e cautelosa
O sol brilha de novo, ainda mais belo e cheio e pleno...
E de um pensamento sóbrio desenhado em tom ameno
Chego, por fim, à conclusão: a vida é bela e generosa!


(Quando um coração bate sem razão,
Há que dar-lhe amor como alimento
Pois, coração sem amor e sem alento
Não chega a valer um só tostão.)

segunda-feira, 5 de julho de 2010

LXXXVII

O que lá vai, de lá não pode avançar
E, no fundo, não me censuro.

Mas, chego por vezes a acreditar
Que o passado me consome o futuro.

"Coisas"

Inspiração noctívaga
Ou desejo supremo de libertação?

Pensamentos excessivamente racionais
Aprisionados no fundo de uma mente saturada,
Assombram esta noite que me envolve.

São meras coisas, nada de mais...
Dor que transborda, dor malvada!
Mas, todo este imediatismo, nada resolve.

Torrente que me desatina
E me põe assim enjoado,
Também posso estar enganado
E ser só falta de nicotina.

Escuto já três badaladas,
Vislumbro ainda o quarto crescente.
Tudo o resto é silêncio agradável.

Mas tantas são as dores aprisionadas...
E ansiedade em forma de torrente
Completa a sinfonia frívola e imparável.

Desabafo que divaga
Ou arte em concepção?

quarta-feira, 16 de junho de 2010

[Des] Apontamento

Cai o sol
P´ra nascer a lua.
(O céu estrelado, meu cenário)
E nesta noite de insónia doida
Repousa em meus braços
Um desejo que não conto...
É apenas um desejo, em segredo.

Amanhece um novo dia.
Levanta-se, preguiçoso, este sol imenso!
E, caprichosamente, os meus sonhos
Teimam em se esconder em mim,
Não me chega o sono, nem o bocejo sequer...

Exponho a minha intimidade
A esta caixa preta, amiga singular...
E passo os meus dias e as minhas noites
Rodeado de caixas semelhantes
(Nunca estou sozinho, nem acompanhado).
Caixas que nos aproximam, afastando-nos gradualmente.
No fundo, são apenas o que são de facto.


Caixas e caixas e mais caixas ainda...

terça-feira, 18 de maio de 2010

Alma Mater

Sou o mestre do fracasso,
Escrevo torto por linhas direitas
Preso nesta lucidez tremenda,
Condenado à loucura...

Esvoaça levemente,
Nesta escuridão tenebrosa,
Um sonho belo
(Quase impossível)
Cheio de cores agradáveis,
Carregado de cheiro a maresia,
Implorando um futuro melhor.

(Olhando para trás,
Vejo uma terra árida,
Carregada de prazer oculto,
E letal...)

Mas, carrego comigo o silêncio
Envolto em bruma e dissimulado,
Daquilo que se não pode contar ao Mundo.
P'ra ser feliz tanta coisa é necessária,
Que vou até perdendo a esperança...

A cada passo que dou ou não,
Cai em mim a razão de eu existir:
Não tenho alma nem coração,
Existo só a fingir.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Grito de Revolta em Silêncio

Se me encontrares perdido de mim,
Deixa-me ir na névoa da minha existência,
Nos braços da vida ténue.
Deixa-me mutilar com memórias possíveis,
Coisa de insano que, no fundo, me define.

Como quem grita, abafo a dor de um destino.
(Sem destino, sem nada)
Atentamente, seguindo o balouçar sigiloso do pensamento
E ondulando, de forma suave, os lábios numa melodia calma,
Chego a um porto de abrigo, num mar distante da realidade.

Se algum dia eu quebrar o silêncio prometido,
Não escutes uma palavra, ignora esta pobre e fraca alma...
Momentos que ficam nas memórias que perduram;
Pendentes, no altar das minhas dores medonhas.
A catedral impura que manda no que sou.


Sinto a alma em carne viva.

domingo, 25 de abril de 2010

Um dia é tarde.

Um dia serei eu, apenas eu.
E, nesse dia, liberto de tudo o resto
Darei o peito por uma causa
(Pela mesma causa, diga-se!)
Sacrificarei o corpo,
(Que é pó da terra, apenas).
Verterei cada lágrima
(Com a mesma força da primeira.)
Doarei cada gota do meu sangue
(Por uma causa nobre, espero...)
A mesma causa.
Um dia serei eu,
Mas um dia é tarde.

(...)

Clivagem lenta e aguda
Deste coração fraco e redondo.
Sofreguidão muda,
Quase de crime hediondo!

Calar o sopro do coração
Afundando, sabe-se lá onde,
Sentimentos que os neurónios carregam
Para um local onde nada se esconde.

(Com a mente já rouca
De tantos gritos soltar,
Cala-se a minha voz louca
Que nunca se fez escutar).

E pelos socalcos dos culpados
Caminho de cabeça baixa, com vergonha...
Há sentimentos que não podem ser largados
De forma tão fria e medonha.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Segredo

Noite.
Noite estranha esta,
Em que esta cabeça endoidecida
Importuna o meu fiel descanso.
Agradável.
Agradável como nunca antes
Este calor que quase arrepia...
Está calor de facto.
(Em círculos, fujo de mim
Correndo irracionalmente).
A manhã levanta-se preguiçosamente,
Como se nem fosse dia de trabalho,
E o sol custa a penetrar as pequenas frestas
Que ficaram esquecidas de propósito.
Que correria doida nesta cabeça!
O tempo passou doido também
Quase como se nem tivesse passado.
Um cigarro? Talvez sim, talvez não.
Pelo menos por agora não,

(Aguenta vício, aguenta).
Quando eu regressar a mim quem sabe.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Beleza rara

Estonteante
A paleta de cores, a imponência magistral,
Hipnotizante. Hipnotismo, sim!
Floresce de um monte de folhas verdes
Um mundo inteiro de beleza
Feito de cachos de carne vegetal.
Quase não dá para descrever
Tamanha beleza...
Imperatriz de todas as restantes,
Orquídea.
Rainha dos jardins, das varandas,
De todo e qualquer sítio.
A perfeição do desing, actual,
Supremo, perfeito.
E num suspiro largamente apaixonado
Pelo desabrochar magnífico
De um botão frágil,
Cai a palavra Orquídea.

terça-feira, 30 de março de 2010

Chuva

Chove imenso.
Em redor da minha janela,
Todas as outras estão fechadas
Só a minha está escancarada.

Apenas uma senhora
Na rua deserticamente inundada,
Caminhando como se nada fosse.
Chove menos agora...

A fresta permanece aberta.
Como eu gosto do cheiro desta janela!
Idilicamente inebriante este cheiro
De chuva caída recentemente.

Cada vez chove menos.
É uma pena,
Quem me dera que chovesse mais.

Coisas da vida

Um suspiro.
Uma flor que murcha lentamente,
Um olhar estático e impenetrável,
Um silêncio exótico.
Um café,
Um cigarro,
E um Mundo semelhante.
Uma vida,
Uma noite e uns copos...
Um grito que se solta,
Em sigilo absoluto,
Um nada e um tudo.
Um mar inteiro
De memórias passadas,
De futuros possíveis,
E uma alma.
Uma só alma.

segunda-feira, 29 de março de 2010

Descanso

Estou triste...
Não sei porquê.
Estou chateado...
Não sei com quem.
Estou doente...
E não tenho doença alguma!
Sinto saudade...
Sem saber de quê ao certo.
Tenho sono...
E tenho porque sou humano.
Porque o pensamento não pára,
Porque esta dor não abranda,
Porque o tempo não espera,
Porque o descanso não se compra...
É uma necessidade,
(Exigências da própria vida).
E descansar é uma fase de preparação
Para voltar a usufruir da vida plena...
Ainda que a plenitude da vida
Não seja solidária com quem a vive.



Ainda assim,
A tristeza, a chatice,
A doença, a saudade
São reais,  intensas,
E destrutivas.
O descanso é apenas e só
Uma necessidade.

Um segundo basta

Deixa-me adormecer,
Deixa a madrugada visitar o meu sono
Deixa os meus sonhos caírem como folhas de Outono.
Deixa...

Deixa-me repousar
Deixa meu pensamento descansar
Deixa meu corpo dormir, deixa a minha alma sonhar.
Deixa...

Liberta-me um segundo,
Não peço o sol, não peço o Mundo...

Et cetera

É de forma reticente que encaro a vida,
E com reticências lhe dou uso
Rumo certo para um Mundo mais confuso
De caminhos por traçar e de muralha já erguida...


Tenho certeza de quase nada,
E tenho dúvidas acerca de quase tudo!
Por isto, deixo em aberto o conteúdo
Daquilo que me não agrada.


Sou feito de pensamento e sonhos breves
E com sonhos alimento a minha vida.
Pensar?Incomoda como insónia sofrida
Que me apaga os sonhos leves, tão leves...


As reticências são a minha essência natural,
Que me livram de sucumbir carbonizado
Pelas chamas do saber absoluto e unificado,
Que não passa de uma ambição supérflua e irracional.


De que valeria o Mundo inteiro
Se o Mundo soubesse toda a verdade?


A dúvida é sempre uma boa parceira...
E as retiências, uma feliz fatalidade.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Regresso

Esta melancolia assustadora,
Nesta fria noite de Março
Lembra-me coisas de outrora...
Momentos de puro cansaço.

Mudou tanta coisa entretanto
Mas, continuo a mesma mistificação
De névoa e fumo, o meu manto...
A minha mortalha de protecção.

Tinha saudades de falar comigo,
Há quanto tempo não me ouvia...
Deixei, por um tempo, de ser meu amigo
Esfumou-se, nessa altura, o que existia.

Uma sensação de vazio tremenda,
Uma solidão incalculável!
E esta pobre alma que não em emenda...
Sempre instável, sempre instável.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Velas

As velas ardem até ao fim,
Se ninguém, pelo meio, as apagar.
Extinguindo-se, fica uma parte de mim
Que pode nunca mais voltar.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Poesia

Ouvi dizer que a poesia era algo belo,
Era algo que fazia até sonhar acordado
Mas o que eu escrevo é quase um pesadelo
Que nem merece ser sonhado.

Portanto, o que escrevo não é poesia.
Haverá então poemas desprovidos de beleza?
Se assim fosse, então como seria?
Seriam chamados os "Versos da Tristeza"!

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Num claro retrocesso,
Volto a ser um menino
Que de luz acesa lê algo
Que não entende ao certo,
Por isso, fecha o livro,
Volta a apagar a luz
E sonha de olhos abertos para a escuridão...
Depois de mim.
Sou o que nem acho que sou.
Aquela condensação estranha de fumos
Negros e cinzentos, suponho.
Ou talvez não, ou talvez não...
Talvez a minha existência tenha de facto
Um propósito qualquer,
Complexamente distante do propósito
Que penso nem existir.
Vendo bem, eu sou daquelas pessoas
A quem foi atribuído o grande prémio da vida,
Que no fundo é a própria vida.
Ganhei ainda o prémio que é poder ver as flores,
Sentir-lhes o cheiro doce que encanta e adormece
Para assim poder fugir pela janela que nos faz voar.
(Para longe, longe...bem alto, alto).
Saiu-me a Sorte Grande e nem dei conta...
E posso amar,
E sou capaz de deixar amar.
Haverá algo mais belo que o Amor?