sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Noite de chuva

Que sacana de dor de cabeça
E logo nesta noite de chuva admirável,
Que me translada para um local distante
Deste tempo e deste espaço.
Sinto inveja e saudade simultâneamente.
Que chuva divina, que ruído maravilhoso
Das gotículas que, sorrateiramente,
Embatem nos vidros das velhas janelas.
Já andei à chuva, por vezes, mas hoje,
Digo com uma certeza de sábio:
Pensar incomoda em dobro o incómodo
Que causa andar à chuva.
(A minha cabeça quase endoidece 
De tanto pensamento que nela circula.)
Quem me dera ter uma forma de controlar,
Um botão,um mecanismo de qualquer espécie,
Que me interrompesse o pensamento.
Bastava-me um par de horas,
Como dizem os Americanos nos filmes.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Memórias de um passado

Memória.
Memória recente de um passado distante
(Passado que nem me pertence)
Mas, presente no presente.
Quem me dera que não houvesse passado
Que tudo fosse uma página em branco,
Sem linhas, sem margens, sem nada
E que se escrevesse apenas o presente
Com uma tinta que não se pudesse ler no futuro.

Mas é tudo fruto da minha imaginação,
O passado existe e temos que lhe dar algum valor,
Ainda que não tenha valor absolutamente nenhum...

É injusto o passado influenciar a forma
Como encaramos o nosso presente,
Devíamos ser imparciais e centrados
No que importa na realidade.
Eu não sou assim.

Mas afinal, o que importa?